CÂMARA DOS DEPUTADOS EM DEBATE SOBRE O MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO DA OBESIDADE
- Mayara Figueiredo Viana
- 21 de mar.
- 5 min de leitura

A Câmara dos Deputados promoveu sessão solene em homenagem ao Mês de
Conscientização da Obesidade nesta terça-feira (18/03). A mesa foi composta pelos
proponentes do evento, deputados Sargento Portugal (Podemos/RJ), Flávia Morais
(PDT/GO), Zacharias Calil (União/GO) e Fernanda Pessoa (União/CE).
O deputado Sargento Portugal (Podemos/RJ) alertou sobre o crescimento
alarmante da obesidade no Brasil, que aumentou de 11,8% para 19,8% entre 2006
e 2018, afetando um em cada cinco brasileiros. Informou que projeções indicam
que até 2035, 127 milhões de adultos terão sobrepeso ou obesidade. De acordo
com ele, a obesidade e o sobrepeso já afetam 26% e 60% da população adulta,
respectivamente, e até 50% das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos. Em
2019, mais de 177 mil mortes foram relacionadas à obesidade. Ele destacou que a
prevenção, por meio de hábitos saudáveis e regulamentações sobre publicidade
de alimentos, é essencial, e expressou orgulho em trabalhar com parlamentares
comprometidos com a saúde pública.
A Flávia Morais (PDT/GO) destacou a importância do debate sobre obesidade e
doenças relacionadas, como diabetes, que afetam milhões de pessoas no mundo.
Ressaltou a necessidade de políticas públicas eficazes para garantir o tratamento,
o acompanhamento e, principalmente, a prevenção. Ela informou que coordenou
a Frente Parlamentar do Diabetes e reafirmou o compromisso de seu mandato
com essa causa. Disse que há medicamentos benéficos para obesidade, mas de
alto custo, e defendeu que todos tenham acesso a eles. Também destacou a
atuação do Ministério da Saúde e do grupo de trabalho da Conitec que estuda a
incorporação desses medicamentos ao SUS. Por fim, reforçou que a saúde deve ser
universal e acessível, e que continuará lutando por melhorias para quem mais
precisa.
O deputado Zacharias Calil (União/GO) destacou a importância do Dia Mundial da
Obesidade para a conscientização sobre essa crise de saúde pública. Ele ressaltou
que a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e progressiva, afetando mais
de 1 bilhão de pessoas no mundo, com impacto direto no sistema de saúde. Calil
defendeu políticas públicas urgentes, campanhas de prevenção, educação
alimentar, incentivo à atividade física, regulação de publicidade de
ultraprocessados e acesso ao tratamento multidisciplinar. Como médico pediatra,
alertou sobre a obesidade infantil e a previsão de que metade das crianças
brasileiras atingirão acima do peso até 2035, convocando os parlamentares a
unirem esforços para combater essa epidemia.
A deputada Fernanda Pessoa (União/CE) destacou a gravidade da obesidade no
Brasil, que tem aumentado em todas as faixas etárias, gerando riscos à saúde como
diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. Ela apontou causas
como sedentarismo, má alimentação e desigualdade social, defendendo ações
integradas de prevenção, com foco em alimentação saudável, atividade física,
educação nutricional nas escolas e políticas públicas efetivas. Enfatizou a
importância das creches e escolas de tempo integral para promover hábitos
saudáveis desde cedo e apoiou a proibição do uso de celulares nas escolas.
Compartilhou sua experiência com o medicamento Ozempic, que ajudou a perder
30 kg, e defendeu sua inclusão no SUS.
A deputada Antônia Lúcia (Republicanos/AC) sugeriu que a educação alimentar
esteja inserida na série curricular nacional como forma de combater a obesidade
desde a infância.
O deputado Luiz Ovando (PP/MS) abordou a obesidade a partir de uma reflexão
mais profunda sobre suas causas, defendendo que, além dos fatores físicos e
sociais, é essencial compreender os desequilíbrios que afetam o comportamento
humano. Citando a Bíblia e sua experiência como cardiologista, destacou que a
quebra da ordem natural e o estresse constante levam a processos inflamatórios
no corpo, contribuindo para a obesidade. Criticou a dependência exclusiva de
medicamentos e defendeu a conscientização das pessoas sobre a importância de
restaurar o equilíbrio físico, emocional e espiritual como base para prevenir e tratar
a doença.
Kelly Alves, nutricionista e coordenadora de alimentação e nutrição do Ministério
da Saúde, destacou a importância de debater a obesidade de forma ampla,
respeitosa e livre de gordofobia, especialmente durante o mês de março, quando
se celebra o Dia Mundial da Obesidade. Enfatizou que a obesidade é um dos
maiores problemas de saúde pública e que o Estado tem papel fundamental em
atuar sobre seus determinantes sociais e econômicos. Defendeu políticas públicas
intersetoriais, como o incentivo à agricultura familiar e a regulação do marketing de ultraprocessados, além da necessidade de cuidado integral e sem estigmas às
pessoas com obesidade. Salientou que o Ministério da Saúde reafirma seu
compromisso com ações conjuntas e políticas que promovam escolhas de saúde e
dignidade no cuidado.
A médica endocrinologista Lívia Lugarinho chefe do serviço de obesidade,
transtornos alimentares e metabologia –(sotam) do Instituto Estadual de Diabetes
e Endocrinologia – (iede) destacou que essa é uma doença crônica e multifatorial,
que já afeta cerca de um em cada três brasileiros. Segundo ela, o ambiente
moderno – com ampla oferta de alimentos ultraprocessados e sedentarismo –
contribui para o crescimento dos casos, especialmente entre pessoas geneticamente predispostas. Criticou a visão ultrapassada que associa a obesidade à falta de força de vontade, reforçando que o tratamento exige uma combinação de mudanças no estilo de vida e no uso de medicamentos. Ela defendeu a ampliação do acesso a medicamentos antiobesidade, atualmente não disponíveis no SUS, lembrando que a cirurgia bariátrica é a única opção oferecida hoje, embora não sirva para todos. Lívia citou como exemplo a iniciativa do Estado do Rio de Janeiro, que implantou uma linha de cuidado integrada para pessoas com obesidade, incluindo a oferta de medicamentos por meio da Fundação Saúde.
Finalizou pedindo a construção de uma linha nacional de cuidado à obesidade, com
foco em prevenção, tratamento e reabilitação.
Luiz Fernando Meyer, em um vídeo do Instituto Cardial, parabenizou os deputados
pela sessão solene em homenagem ao Dia Mundial da Obesidade, destacando o
aumento da produção legislativa sobre o tema desde 2019. Ele alertou que a
obesidade, classificada pela OMS como uma doença crônica, afeta mais de um
quarto da população adulta brasileira e é alarmante entre crianças e adolescentes.
Meyer convocou a participação em um evento online sobre o Atlas Mundial da
Obesidade e enfatizou a necessidade de políticas públicas abrangentes e
capacitação para profissionais de saúde. Ele também mencionou a importância da
colaboração entre especialistas, sociedade civil e governo para enfrentar esse
desafio.
Vanessa Pirolo, presidente do Vozes do Advocacy, ressaltou a importância de dar
voz às pessoas com diabetes, obesidade e suas complicações. Destacou que,
apesar dos avanços, como o reconhecimento da obesidade como doença por
muitos profissionais de saúde e a tramitação de projetos de lei que tratam do tema,
ainda há muito a ser feito. Criticou a ausência de medicamentos para obesidade
no SUS e a falta de estrutura adequada nas unidades de saúde. Reforçou a
necessidade de combater a gordofobia, que ainda causa estigmas e prejuízo ao
tratamento. Defendeu mais conhecimento, educação e políticas públicas que
garantam cuidado digno, equitativo e sem preconceitos.
Fábio Truelo, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO), destacou a obesidade como um desafio complexo
e um propósito de vida, não apenas uma doença. Ele enfatizou a dor e o estigma
enfrentado pelas pessoas com obesidade, além das dificuldades associadas ao
tratamento e à falta de estrutura nas unidades de saúde. Truelo criticou a
culpabilização dos indivíduos e comparou o problema à falha do sistema, não
apenas dos pacientes. Apontou a importância de políticas públicas para a
prevenção, como a rotulagem de alimentos e programas educacionais. Ressaltou
a necessidade de uma linha de cuidado contínuo, treinamento de profissionais de
saúde e apoio aos pacientes, especialmente após uma cirurgia bariátrica, que não
resolve o problema por si só. Concluiu com a urgência de agir e a disposição da
ABESO para colaborar na luta contra a obesidade.
Por fim, o deputado Sargento Portugal (Podemos-RJ) ressaltou a importância de
discutir temas relevantes para o povo no Congresso, destacando que, apesar de
certos assuntos não atraírem a atenção da mídia, a contribuição dos participantes
foi fundamental para aumentar a conscientização dos presentes. Ele reforçou que,
como representantes eleitos pelo povo, é essencial tratar dos problemas da população com seriedade, lembrando que o voto consciente é crucial para o bem-
estar do Brasil.
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