Apesar de ser um conceito razoavelmente novo, muito tem se falado sobre negócio social. Isso porque estamos vivendo em uma época em que as pessoas estão cada vez mais politizadas, conectadas e preocupadas com o seu entorno. Em um país em que as pessoas deixaram de fechar os olhos para a corrupção e estão cada vez mais expostas a problemas sociais, exercer a cidadania passa a ser fundamental.
E podemos exercer essa cidadania com pequenos gestos em nosso dia-a-dia. Desde não furar filas e ser gentil com o outro (adoro a frase “Todas as pessoas que você conhece estão enfrentando batalhas que você não sabe nada a respeito. Seja gentil.”) até investir tempo ou dinheiro em causas sociais.
Um em cada cinco brasileiros já fizeram algum tipo de trabalho voluntário. Quem atesta essa informação é o World Giving Index 2017 (WGI 2017). Apesar de ser um número importante, o Brasil ainda está longe dos Top 20 países em termos de quantidade de pessoas que exercem o voluntariado. Ainda há muita gente que nunca foi voluntária na vida. A maioria diz que falta tempo - é a razão alegada por 40% dos que nunca foram voluntários e por 42% daqueles que deixaram de atuar. E realmente tempo é um desafio, já que além de perdermos muito tempo no trânsito, quando comparado com países ricos, o Brasil é, na média, o país com a quarta maior jornada semanal de trabalho.
E é aí que entra o negócio social. Imagina poder fazer o bem e ainda ganhar por isso? Poder dedicar toda a sua jornada de trabalho para um negócio que consegue se manter de maneira sustentável e com viabilidade econômica, mas cujo objetivo primordial é o impacto social e fazer a diferença?
O sucesso do negócio social não é medido pelo total de lucro em um determinado período gerado (apesar de ter finalidade econômica e poder distribuir seu lucro, diferente das ONGs), mas sim pelo impacto criado para as pessoas ou para o meio ambiente.
Como um negócio tradicional, ele deve gerar suas próprias receitas a partir da venda de produtos e/ou de serviços como de educação, saúde, nutrição, tecnologia, etc. A grande diferença é que sua motivação de existir é primordialmente ou exclusivamente por uma causa sócio ambiental. Os negócios sociais mostram que não há conflito entre ambição social e econômica.
Negócio social, da forma como o termo é comumente usado, foi definido a princípio pelo Nobel da Paz Prof. Muhammad Yunus e é descrito em seus livros Creating a world without poverty—Social Business and the future of capitalism e Building Social Business—The new kind of capitalism that serves humanity's most pressing needs.
Existem vários exemplos de negócios sociais pelo mundo, como a African Clean Energy (ACE), fabricante de fogões portáteis e sustentáveis movidos à biomassa da África do Sul, solucionando o problema do uso de combustíveis poluentes, além de ajudar pessoas que não têm o acesso a recursos tradicionais para cozinhar alimentos.
Outro caso é a Mobile Alliance for Maternal Action (MAMA), empresa atuante em países da África e Ásia, a qual fornece mensagens sobre cuidados à saúde de mulheres grávidas e suas famílias por meio de celulares.
No Brasil, diversos negócios sociais também vêm impactando a sociedade de uma forma positiva.
Por exemplo a Colabore com o Futuro. A empresa ajuda ONGs de saúde a se profissionalizarem e a se desenvolverem, além disso, engaja a população a se manifestar em consultas públicas, paticipando dos processos decisivos do governo e trabalha por mudanças nas políticas públicas do Brasil para que os pacientes tenham acesso a um diagnóstico e tratamento adequados, além de informações de qualidade sobre as doenças e prevenção.
Outro exemplo é a Quíron Educação, empresa atuante em Curitiba-PR e São Luís-MA, é um negócio que incentiva, por meio de aulas baseadas nos quatro pilares fundamentais da educação da UNESCO (Ser, Social, Inovador e Empreendedor), jovens de 14-24 anos a tirar ideias do papel e fazer a diferença na sociedade por meio do protagonismo.
Meu palpite é que ainda vamos ouvir muito mais sobre os negócios sociais e teremos cada vez mais exemplos de sucesso nesse caminho.
Carolina Cohen
Cofundadora da Colabore com o Futuro
www.colaborecomofuturo.com