CÂMARA DOS DEPUTADOS REALIZA EVENTO EM APOIO À CAMPANHA “UM SÓ CORAÇÃO” COM PROJEÇÃO NA FACHADA DO CONGRESSO NACIONAL
- Mayara Figueiredo Viana
- há 2 horas
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O deputado Zacharias Calil (União-GO), em parceria com a Colabore com o Futuro e o Grupo de Advocacy em Cardiovascular (GAC), promoveu, nesta terça-feira (26), no Salão Nobre da Câmara dos Deputados, um evento em apoio à Campanha “Um Só Coração”. Como parte da mobilização, também houve projeção nas torres do Congresso Nacional.
Renan Matos, médico cardiologista e conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ressaltou a importância do colesterol como fator de risco cardiovascular e a necessidade de maior conscientização sobre o tema. Ele recordou que as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de 400 mil mortes anuais no Brasil e que o colesterol elevado é um dos principais responsáveis, junto com o tabagismo e a hipertensão, como já demonstrado desde o histórico estudo Framingham (1948).
Destacou que o tratamento adequado do colesterol, comprovado por grandes estudos clínicos como o 4S, reduz significativamente a mortalidade por infarto. Enfatizou que novas terapias, como estatinas, evolocumabe e inclisirana, representam avanços importantes e precisam estar disponíveis para a população.
Renan alertou que apenas 15% a 18% dos brasileiros conhecem seus níveis de colesterol e uma parcela ainda menor recebe tratamento eficaz, o que exige fortalecimento das políticas públicas e maior acesso a profissionais capacitados. Defendeu que colesterol alto mata, enquanto colesterol baixo não representa risco, reforçando a necessidade de campanhas educativas e ações no Congresso para ampliar a prevenção e o tratamento da dislipidemia.
Paulo Caramori, médico cardiologista e presidente do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), destacou que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, atingindo uma em cada quatro pessoas. Ressaltou que os fatores de risco são bem estabelecidos e devem receber total atenção: manter uma dieta equilibrada, evitar excesso de peso, controlar pressão arterial, glicose e colesterol, não fumar e praticar atividade física regularmente.
Enfatizou que o colesterol elevado é um dos problemas mais frequentes na sociedade moderna, associado a obesidade e diabetes, e que o seu controle com medicação adequada reduz de forma significativa o risco de complicações cardiovasculares. Por fim, reforçou a importância de buscar assistência especializada com cardiologistas para prevenir que problemas no coração se tornem doenças limitantes, preservando qualidade e expectativa de vida.
Renata de Paula Faria Rocha, coordenadora substituta da Coordenação-Geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, destacou que as doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no Brasil e no mundo, com forte impacto clínico, econômico e social. Ressaltou que o país tem avançado com políticas que articulam prevenção, promoção da saúde e ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, o Programa Saúde na Escola, o fortalecimento da atenção primária e a incorporação de estatinas de alta potência e protocolos clínicos para manejo da hipercolesterolemia.
Apontou como desafios o subdiagnóstico de pacientes com colesterol elevado, a baixa adesão ao tratamento, as desigualdades regionais e o foco excessivo no tratamento em vez da prevenção. Lembrou que programas como o Farmácia Popular e os PCDTs contribuem para orientar o cuidado, mas destacou a importância da integração entre atenção primária e especializada.
Por fim, reforçou que a resposta eficaz às doenças cardiovasculares exige políticas públicas mais amplas, incluindo ações intersetoriais para reduzir desigualdades, regular alimentos ultraprocessados e criar ambientes saudáveis, visando uma visão integral do cuidado que una prevenção, promoção da saúde e acesso equitativo ao tratamento.
O médico ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira, ressaltou que, após a menopausa, as mulheres passam a ter risco cardiovascular aumentado, já que fatores antes mais comuns nos homens tornam-se frequentes nelas, como colesterol elevado, diabetes, obesidade e hipertensão arterial. Destacou que esses são fatores de risco modificáveis, que podem ser controlados por mudanças de estilo de vida e, quando necessário, tratamento farmacológico com medicamentos eficazes disponíveis.
Enfatizou a importância do acompanhamento inicial na atenção básica, com encaminhamento para o cardiologista quando indicado, e deixou a mensagem de cuidado com a saúde cardiovascular: “Você só tem um coração, cuide muito bem dele”.
Patrícia Vieira, diretora executiva da Associação Hipercolesterolemia Familiar (AHF), destacou a importância do diagnóstico precoce da hipercolesterolemia familiar (HF), condição genética que afeta famílias inteiras e aumenta em até 90 vezes o risco de morte prematura se não tratada. Explicou que o diagnóstico é simples e deve envolver a investigação de todos os familiares quando um caso é identificado, inclusive em crianças a partir dos 8 a 10 anos.
Apresentou dados nacionais e internacionais que mostram a prevalência da HF — cerca de 1 a cada 313 pessoas na população geral, podendo chegar a 1 em 15 em casos de doença coronariana precoce. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (2019) apontou que 23 milhões de pessoas têm colesterol alto, muitas sem diagnóstico adequado, resultando em subtratamento.
Ela lembrou que a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, desde 2017, recomenda alertas em exames laboratoriais com valores de colesterol sugestivos de HF. Ressaltou também que organismos como a OMS já consideram a HF uma questão de saúde pública, reforçando a necessidade de políticas públicas de rastreamento, aconselhamento genético e tratamento precoce.
Por fim, afirmou que a campanha “Um Só Coração” busca conscientizar sobre prevenção, alimentação saudável, atividade física e check-ups, reforçando que ninguém pode ser deixado para trás no enfrentamento do colesterol alto e das doenças cardiovasculares.
A cofundadora da Colabore com o Futuro, Andrea Bento, ressaltou que esta é a terceira solenidade realizada no Congresso Nacional para conscientizar sobre doenças cardiovasculares, destacando a importância de manter a mobilização permanente em torno do colesterol e da saúde do coração. Explicou que a Colabore com o Futuro atua desde 2017, reunindo diversas entidades ligadas a diabetes, AVC, obesidade e hipercolesterolemia familiar no Grupo de Advocacia Cardiovascular, com o objetivo de fortalecer a atuação conjunta.
Apontou que foi elaborado um documento com metas globais até 2030 para reduzir mortes por doenças cardiovasculares, entregue aos parlamentares durante o evento. Defendeu a necessidade de engajamento contínuo junto ao Congresso, com requerimentos, audiências e manifestações em prol dos pacientes.
Enfatizou que a campanha não se limita ao dia 8 de agosto (Dia do Colesterol), mas também se estende a outras datas de conscientização, como o Dia Mundial do Coração (29 de setembro), o mês de combate ao diabetes (outubro) e o de prevenção ao AVC (novembro). Para encerrar, destacou o simbolismo da projeção nas torres do Congresso, que busca chamar a atenção da sociedade e dos parlamentares para a mensagem central: “temos um só coração”, lembrando que cuidar dele é cuidar também de nossos familiares e entes queridos.
O deputado Zacharias Calil (União-GO) destacou que, embora a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares tenha caído desde 1990, o número absoluto de mortes ainda é elevado, com cerca de 400 mil brasileiros perdendo a vida em 2022. Ressaltou a urgência de políticas robustas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, especialmente no enfrentamento da hipercolesterolemia, um dos principais fatores de risco.
Mencionou a reunião da Frente Parlamentar Mista da Saúde, que preside, dedicada ao controle do colesterol e das doenças cardiovasculares, onde foram discutidas medidas como campanhas educativas, ampliação do acesso a exames, disponibilidade de terapias eficazes no SUS, investimento em pesquisa e capacitação de profissionais.
Defendeu a importância de mudanças nos hábitos de vida — alimentação saudável, prática de atividade física, combate ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool — e alertou para a influência do histórico familiar nas doenças cardíacas. Relatou experiências de atendimento a crianças com malformações vasculares tratadas com propranolol, enfatizando a relevância do diagnóstico precoce por meio de exames simples, como o ecocardiograma.
Por fim, reforçou que prevenir é melhor do que remediar, lembrando casos recentes de mortes súbitas em jovens e defendendo que políticas públicas devem priorizar a triagem precoce para evitar tragédias futuras.
Ao final do evento aconteceu uma emocionante projeção na fachada do Congresso Nacional alertando sobre os riscos do colesterol alto para a saúde da população. Confira.
