Retocolite ulcerativa: sintomas, tratamento e por que a sua participação na consulta pública pode transformar vidas
- Mayara Figueiredo Viana
- 16 de out.
- 4 min de leitura
O que é a Retocolite Ulcerativa
A retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal crônica que afeta o intestino grosso (cólon) e o reto. Ela causa inflamação contínua e formação de úlceras na mucosa intestinal, o que pode levar a sintomas como diarreia com sangue, cólicas abdominais, urgência evacuatória, fadiga e perda de peso.¹
Trata-se de uma condição autoimune — o sistema imunológico passa a atacar o próprio intestino — e pode ter períodos de crise e remissão. Apesar de não ter cura, existem tratamentos eficazes que ajudam a controlar a inflamação, reduzir sintomas e melhorar a qualidade de vida.²
Estima-se que mais de 100 mil brasileiros convivam com doenças inflamatórias intestinais, incluindo retocolite ulcerativa e doença de Crohn, e o número de diagnósticos cresce a cada ano.³
Principais Sintomas da Retocolite Ulcerativa
Os sintomas da retocolite variam conforme a extensão e a intensidade da inflamação, mas os mais comuns são:
Diarreia persistente, muitas vezes com sangue e muco;
Dores abdominais e cólicas;
Urgência para evacuar;
Fadiga e perda de peso;
Febre baixa e anemia devido à perda de sangue crônica.¹,²
Durante as crises, a doença pode impactar significativamente a rotina do paciente, afetando o convívio social, o trabalho e a saúde emocional. O manejo adequado e o acesso a tratamentos modernos são fundamentais para evitar complicações e hospitalizações.⁴
Diagnóstico da Retocolite Ulcerativa
O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica, exames laboratoriais, colonoscopia com biópsia e, em alguns casos, exames de imagem do abdome.
Como os sintomas podem ser semelhantes a outras doenças intestinais, é essencial que o paciente procure um gastroenterologista ou proctologista para uma avaliação detalhada.⁵
O diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento aumentam as chances de controlar a inflamação e evitar danos permanentes ao intestino.⁵
Causas e fatores de risco
A causa exata da retocolite ulcerativa ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que fatores genéticos, imunológicos e ambientais estão envolvidos. Ter histórico familiar de doenças inflamatórias intestinais aumenta o risco, assim como alterações na microbiota intestinal e exposição a alguns gatilhos, como infecções e estresse.²,⁶
Tratamento da Retocolite Ulcerativa
O tratamento da retocolite ulcerativa é individualizado e depende da gravidade e da resposta do paciente. As opções incluem:
Aminossalicilatos e corticosteroides, para reduzir inflamação em fases ativas da doença;
Imunossupressores, que ajudam a controlar a resposta exagerada do sistema imunológico;
Terapias biológicas e medicamentos de última geração, que atuam de forma direcionada nos mecanismos inflamatórios e permitem maior controle da doença com menos efeitos adversos.⁵,⁶
Para casos moderados a graves, essas terapias inovadoras são essenciais para manter a remissão, reduzir hospitalizações e devolver qualidade de vida aos pacientes.⁶
A Consulta Pública da ANS: o que está em jogo agora
Neste momento, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma Consulta Pública para decidir se dois novos medicamentos para retocolite ulcerativa moderada a grave serão incluídos no rol de coberturas obrigatórias dos planos de saúde.⁸
Mas um deles recebeu parecer preliminar desfavorável e pode não ser uma opção de tratamento disponível nos planos de saúde.
Ambos são importantes — porque cada paciente é diferente, e cada médico precisa ter liberdade terapêutica para indicar o tratamento mais adequado a cada perfil.
Se os dois medicamentos forem incorporados, mais pessoas poderão ter acesso a uma alternativa que pode melhorar o controle da doença, reduzir sintomas e permitir uma vida com mais autonomia e qualidade.
Por que participar da Consulta Pública
A consulta pública é um instrumento de participação social. É o momento em que o governo ouve a população antes de tomar uma decisão que afeta diretamente a vida dos pacientes.
Qualquer pessoa pode participar, pacientes, familiares, profissionais de saúde e cidadãos que acreditam em um sistema de saúde mais justo e inclusivo.
A participação é simples: basta preencher o formulário online disponível no site da ANS e registrar sua opinião.⁸
Como participar
Acesse o formulário da consulta pública da ANS: bit.ly/retoans
Preencha com suas informações básicas;
No campo “Recomendação preliminar” escolha uma das opções disponíveis: o guselcumabe ou o risanquizumabe. O risanquizumabe foi a terapia que recebeu parecer negativo da ANS e pode não ser uma opção de tratamento aos pacientes com retocolite ulcerativa moderada a grave coberta pelos planos de saúde
Registre sua opinião sobre a importância de ter um arsenal terapêutico para o tratamento de retocolite ulcerativa moderada a grave;
Compartilhe com familiares, amigos e profissionais da saúde — quantomaisvozes, mais forte será o impacto.
Veja o passo a passo no vídeo tutorial abaixo
Juntos pela liberdade de escolha no tratamento
A retocolite ulcerativa impõe desafios diários: físicos, emocionais e sociais.
Garantir o acesso a múltiplas opções terapêuticas significa permitir que o médico e o paciente decidam juntos o melhor caminho, com base em evidências, não em limitações.
💬 Você não escolheu ter a doença, mas pode escolher ser ouvido.
Participe, apoie e compartilhe. Porque cada opinião conta na construção de um futuro com mais possibilidades de tratamento e mais qualidade de vida.
Esta campanha tem o apoio da Abbvie
Referências
Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Retocolite ulcerativa: sintomas e diagnóstico. 2023.
Sociedade Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Doenças Inflamatórias Intestinais: guia prático. 2022.
DII Brasil. Panorama das doenças inflamatórias intestinais no Brasil. 2023.
Lichtenstein GR, Loftus EV Jr, Isaacs KL, et al. Ulcerative Colitis: Clinical Practice Guidelines. Am J Gastroenterol. 2020.
Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Doenças Inflamatórias Intestinais. 2023.
Torres J, Mehandru S, Colombel JF, Peyrin-Biroulet L. Crohn’s disease and ulcerative colitis: pathophysiology and treatment. Lancet. 2017.
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde: atualização 2024.
ANS. Consulta Pública sobre incorporação de medicamentos para retocolite ulcerativa moderada a grave. 2025.









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